quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A FÉ: MÃE DA ESPERANÇA E DA CARIDADE


Para ser aproveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.
A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?
Na inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. É preciso pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar, que será do edifício que sobre ela construirdes?
Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis dentro de si. Seja  forte! A sua fé passará pelos os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.
A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não na tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma. ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. E o fanatismo destruitivo e estrambólico reduz o homem ao ser primitivo sem razão e sem emoção do amor verdadeiro. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras de amor e caridade para lhes demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida.
Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do um que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

A FÉ HUMANA E A FÉ DIVINA


No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade.
Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo Jesus a exalçou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendures que se não chegue a vencer.
O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.
Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

POEMA DE GRATIDÃO



Muito obrigado Senhor, pelo que me deste, pelo que me dás!  Muito obrigado pelo pão, pelo ar, pela paz!
 

Muito obrigado Senhor pela beleza que meus olhos vêem no altar da Natureza! Olhos que fitam o ar, a terra e o mar. Que acompanha a ave fagueira que corre ligeira pelo céu de anil e se detém na terra verde  salpicada de flores em tonalidades.

Muito obrigado Senhor, porque eu posso ver o meu amor! Diante de minha visão, pelos cegos, formulo uma oração: Eu sei que depois dessa lida, na outra vida, eles também enxergarão!

Muito obrigado Senhor pelos ouvidos meus que me foram dados. Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro, a melodia do vento nos ramos do salgueiro, as lágrimas que choram os olhos do mundo inteiro. Diante de minha capacidade de ouvir, pelos surdos eu Te quero pedir, eu sei que depois desta dor, no Teu reino de amor, eles também ouvirão!

Muito obrigado Senhor, pela minha voz!  Mas também pela voz que canta, que ensina que alfabetiza que canta uma canção e Teu nome profere com sentida emoção! Diante da minha melodia quero Te rogar, pelos que sofrem de afazia, pelos que não cantam de noite e não falam de dia. Eu sei que depois desta dor, no Teu  Reino de amor, eles também cantarão!

Muito obrigado Senhor, pelas minhas mãos! Mas também pelas mãos que oram, que semeiam, que agasalham. Mãos de amor, mãos de caridade, de solidariedade. Mãos que apertam mãos. Mãos de poesia, de cirurgia, de sinfonia, de psicografias...
Mãos que acalentam a velhice, a dor e o desamor!
Mãos que acolhem ao seio o corpo de um filho alheio,
sem receio..

Muito obrigado Senhor pelos meus pés, que me levam a andar sem reclamar. Muito obrigado Senhor, porque posso bailar! Olho para a Terra e vejo amputados, marcados, desesperados, paralisados... Eu posso andar!!! Oro por eles! Eu sei que depois dessa expiação, na outra reencarnação, eles também bailarão.

Muito obrigado Senhor, pelo meu lar!  É tão maravilhoso ter um lar... Não importa se este lar é uma mansão, um bangalô, seja lá o que for!  O importante é que dentro dele exista amor! O amor de pai, de mãe, de marido e esposa, de filho, de irmão... De alguém que lhe estenda a mão, mesmo que seja o amor de um cão, pois é tão triste viver na solidão!  Mas se não tiver ninguém para amar, um teto pra me acolher, uma cama para me deitar...mesmo assim, não reclamarei, nem blasfemarei.  Simplesmente direi:

Obrigado Senhor, porque nasci.

Obrigado Senhor, porque creio em Ti!Pelo Teu amor, obrigado Senhor!
Amélia Rodrigues

terça-feira, 13 de setembro de 2011

O Homem de bem


O verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza. Se ele interroga a consciência sobre seus próprios atos, a si mesmo perguntará se violou essa lei, se não praticou o mal, se fez todo o bem que podia, se desprezou voluntariamente alguma ocasião de ser útil, se ninguém tem qualquer queixa dele; enfim, se fez a outrem tudo o que desejara lhe fizessem.
Deposita fé em Deus, na Sua bondade, na Sua justiça e na Sua sabedoria. Sabe que sem a Sua permissão nada acontece e se Lhe submete à vontade em todas as coisas.
Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos bens temporais.
Sabe que todas as vicissitudes da vida, todas as dores, todas as decepções são provas ou expiações e as aceita sem murmurar.
Possuído do sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, semesperar paga alguma; retribui o mal com o bem, toma a defesa do fraco contra o forte, e sacrifica sempre seus interesses à justiça.
Encontra satisfação nos benefícios que espalha, nos serviços que presta, no fazer ditosos os outros, nas lágrimas que enxuga, nas consolações que prodigaliza aos aflitos.
Seu primeiro impulso é para pensar nos outros, antes de pensar em si, é para cuidar dos interesses dos outros antes do seu próprio interesse. O egoísta, ao contrário, calcula os proventos e as perdas decorrentes de toda ação generosa.
O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como ele não pensam.
Em todas as circunstâncias, toma por guia a caridade, tendo como certo que aquele que prejudica a outrem com palavras malévolas, que fere com o seu orgulho e o seu desprezo a suscetibilidade de alguém, que não recua à idéia de causar um sofrimento, uma contrariedade, ainda que ligeira, quando a pode evitar, falta ao dever de amar o próximo e não merece a clemência do Senhor.
Não alimenta ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; a exemplo de Jesus, perdoa e esquece as ofensas e só dos benefícios se lembra, por saber que perdoado lhe será conforme houver perdoado.
É indulgente para as fraquezas alheias, porque sabe que também necessita de indulgência e tem presente esta sentença do Cristo: "Atire-lhe a primeira pedra aquele que se achar sem pecado."
Nunca se compraz em rebuscar os defeitos alheios, nem, ainda, em evidenciá-los. Se a isso se vê obrigado, procura sempre o bem que possa atenuar o mal.
Estuda suas próprias imperfeições e trabalha incessantemente em combatê-las. Todos os esforços emprega para poder dizer, no dia seguinte, que alguma coisa traz em si de melhor do que na véspera.
Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o que seja proveitoso aos outros.
Não se envaidece da sua riqueza, nem de suas vantagens pessoais, por saber que tudo o que lhe foi dado pode ser-lhe tirado.
Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho. Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se encontram.
O subordinado, de sua parte, compreende os deveres da posição que ocupa e se empenha em cumpri-los conscienciosamente.
Finalmente, o homem de bem respeita todos os direitos que aos seus semelhantes dão as leis da Natureza, como quer que sejam respeitados os seus.
Não ficam assim enumeradas todas as qualidades que distinguem o homem de bem; mas, aquele que se esforce por possuir as que acabamos de mencionar, no caminho se acha que a todas as demais conduz.

sábado, 27 de agosto de 2011

SINTONIA MORAL

As leis de afinidade ou de sintonia, que vigem em toda parte, respondem pela ordem e pelo equilíbrio universal.
Pequena alteração para mais ou para menos, entre os fenômenos do eletromagnetismo e as forças da gravitação universal, tornaria as estrelas gigantes azuis ou pequenos astros vermelhos perdidos no caos.
Transferidas para a ordem moral, as leis de afinidade promovem os acontecimentos vinculando os indivíduos, uns aos outros, de forma que o intercâmbio seja automático e natural.
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Mentes especializadas mais facilmente se buscam em razão do entendimento e interesse que as dominam na mesma faixa de necessidade.
Sentimentos viciosos encontram ressonância em caracteres morais equivalentes, produzindo resultados idênticos.
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O homem colérico sempre encontrará motivo para a irritação; assim como a pessoa dócil com facilidade identifica as razões para desculpar e entender.
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Há uma inevitável atração entre personalidades de gostos e objetivos semelhantes como repulsa em meio àqueles que transitam em faixas de valores que se opõem.
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Na área psíquica o fenômeno é idêntico.
Cada mente se irradia em campo próprio, identificando-se com aquelas que aí se expandem.
O psiquismo é o responsável pelos fenômenos físicos e emocionais do ser humano.
Conforme a expansão das idéias, vincula-se a outras mentes e atua na própria organização fisiológica em que se apóia, produzindo manifestações equivalentes à onda emitida.
Assim, os pensamentos positivos e superiores geram reações salutares, tanto quanto aqueloutros de natureza perturbadora e destrutiva produzem desarmonia e insatisfação.
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No campo das expressões morais o fenômeno prossegue com as mesmas características.
Os semelhantes comportamentos entre os homens e os Espíritos jungem-se, impondo-lhes interdependência de conseqüências imprevisíveis.
Se possuem um teor elevado, idealista, impelem os seres encarnados quão desencarnados a realizações santificantes, enquanto que, de caráter vulgar, facultam intercâmbio obsessivo ou tipificado pela burla, mentira, insanidade...
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É, portanto, inevitável afirmar-se que as qualidades morais do médium são de alta importância para o salutar intercâmbio entre os homens e os Espíritos.
Somente as Entidades inferiores se apresentam por intermédio dos médiuns vulgares, insatisfeitos, imorais...
Os Mentores, como é natural, sintonizam com aqueles que se esforçam por melhorar-se, empenhados na sua transformação moral, que combatem as más inclinações e insistem para vencer o egoísmo, o orgulho, esses cânceres da alma que produzem terríveis metástases na conduta do indivíduo.
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Pode-se e deve-se, pois, examinar o valor e a qualidade das comunicações espirituais, tendo-se em conta o caráter moral do médium, seu comportamento, sua vida.
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Jesus, o Excelente Médium de Deus, demonstrou a grandeza da Sua perfeita identificação com o pensamento divino através da esplêndida pureza e elevação que O caracterizavam.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

PERTO DE DEUS

Onde te encontres, o que faças, para onde fujas, estarás sempre perto de Deus. Por mais te rebeles em face do resultado dos julgamentos infelizes e precipitados, exames das circunstâncias e aparências, serás surpreendido pela presença de Deus.
Face às conquistas enobrecedoras da inteligência e aos labores persistentes do sentimento engrandecido, não esqueças de que te encontras perto de Deus. 

Suportando o fardo das provações e desaires, jugulado a injustiças que te maceram e a aflições superlativas que te desanimam, recorda que estás, mesmo assim, perto de Deus.
Quando a infâmia te ferir o imo, dilacerando as mais caras aspirações, ou quando o estrugir da tempestade moral danificar a tua paz, ou quando experimentando insuportável soledade do sentimento, no cárcere de indizível amargura, conserva a coragem, pois estás, ainda assim, perto de Deus.  
Surpreendido pelas contingências amargantes da vida em cujo carro segues no rumo da perfeição, confia, pois perto de Deus todas as coisas assumem configurações valiosas, se souberes conduzir o próprio comportamento...
Afirmas que pagas alto preço de sofrimento pelo caminho humano em que jornadeias e asseveras que as dificuldades te assessoram sempre, travestindo-se e corporificando-se em várias expressões, o que atesta estares relegado ao abandono, ao esquecimento...
Indagas, após a tragédia, onde estava o divino auxílio que te não alcançou e como considerar a celeste providência diante dos lastimáveis acontecimentos que te feriram amarga, profundamente.
Confrontas a tua com outras vidas e facultas a demorada fixação da mágoa nos tecidos sutis do sentimento, intoxicando-te a pouco e pouco, refletindo que saldas incalculável débito para sofreres tanto, irrompendo, caudalosa, a revolta interior que tisna lucidez e alegria, fazendo-te calceta... Não obstante, estás perto de Deus e tudo quanto acontece recebe dEle a sanção. Não te equivoques com a precipitação de julgamento ou a alucinada interpretação das leis.
O que te parece felicidade em muita gente, apenas parece. O júbilo dos outros, possivelmente não seja legítima alegria. A fortuna, a saúde, a fama, o destaque são pesada canga que nem toda criatura consegue suportar. 
Há muitos que estão destroçados pela constrição e peso dessa carga, aspirando à paz e lutando por necessário repouso interior. 
Conquistaram o mundo e perderam-se. Possuem muito e se fizeram possuir pelas coisas e fatores que os escravizam. Segue renovado, sem embargo à posição que ocupes, o lugar em que estejas, as penas que experimentes.
O mal que te acontecer não é o pior, antes o mínimo que consegues suportar. As duras provas que sofras não serão as mais severas que te estão reservadas pelo impositivo da reencarnação. 
És espírito endividado, em rota redentora, sublimando-te e exercitando aprimoramento, corrigindo defeitos, ampliando aspirações. 
Ausculta, desse modo, o pulsar da vida e exulta, seja como seja a tua existência, pois, seguindo sem receio, alcançarás a meta da felicidade sempre perto de Deus.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

DESPOTISMO - Tirania


Adversário soez do homem, vence-o impiedosamente. Remanescente da barbárie, teima por sobreviver. Cômpar do egoísmo, açula-o e sobrepõe-no na aparência perniciosa. O despotismo é, sem dúvida, das imperfeições graves, uma das que mais engendra antipatia, provocando animosidade onde se revela. O déspota é alguém que se ignora. Atribuindo-se valor que não possui, autohipnotiza- se, respirando a psicosfera deletéria que emana e que continuamente o intoxica.
Resíduo de vidas pregressas em que a presunção governava o espírito, ora em reencarnação purificadora, deve ser combatido por todos os meios, a benefício da libertação de quem lhe padece o nefando cerco. Desvela-se nos pequenos gestos e agalardoa-se na exteriorização das atitudes e das expressões.
Somente as suas vítimas não percebem o ridículo de que se fazem instrumento, porquanto, a cegueira em que se movimentam fá-los agitar-se em esfera de sombras. Passam e deixam pegadas odientas. Estacionam e tornam-se detestados, não obstante a aparente grandeza ou o aparente valor que se dão, tornando-se singulares simulacros de potentados ou nobres na ilusão que acalentam. Fiscaliza, desse modo, os escaninhos da tua personalidade e burila as arestas grotescas que insistem em impedir-te o aprimoramento no teu expressivo esforço. 
Não é o homem responsável, apenas, pelo mal que faz, como também o é pelo mal que inspira... O homem é, assim, o que vitaliza, produzindo o que constrói intimamente. 
Para a vitória sobre ti mesmo, na conjuntura da abençoada reencarnação que desfrutas, imprescindível submeter-te a eficiente programa de ação que não pode ser negligenciado. Auto-análise, trabalho singelo, prece constante e exercício da sadia convivência com os mais infelizes conseguem lobrigar excelentes resultados contra o despotismo. Recorda que a vida física é breve, por mais longa pareça e, ao extinguir-se, cada um ressuscita com os estigmas ou virtudes que estimulou, fitando a retaguarda e considerando a forma feliz ou desventurada com que utilizou o tempo.
A oportunidade que te chega, abençoada, quiçá não a mereças. 
Utiliza-a gerando simpatia e fazendo o bem pelo autoaprimoramento enquanto ela te luz. Se não é lícito desdenhar-se a si mesmo, não é crível autovalorizar-se, subestimando o próximo.
O despotismo pode ser, também, considerado morte na vida. 
Assim, fixa o pensamento em Jesus e tenta assimilar-Lhe a grandeza da humildade com que até hoje a todos nós fascina e através da qual alcançarás os páramos da felicidade plena e total, após as lutas redentoras.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

DIREITO DE LIBERDADE


DA LEI DE LIBERDADE - O Livro dos Espíritos’

825. Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se de gozar de absoluta liberdade?
Não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes.
843. Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?
Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”


DIREITO DE LIBERDADE

Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o homem traz, no entanto, ínsitos na própria consciên­cia, os limites da sua liberdade.
Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas sob qualquer argumentação, das quais subtraia o direito de liberdade.
Sem dúvida, centenas de milhões de seres transi­tam pela infância espiritual, na Terra, sem as condi­ções básicas para o auto-discernimento e a própria con­dução. Apesar disso, a ninguém é lícito aproveitar-se da circunstância, a fim de coagir e submeter os que seguem na retaguarda do progresso, antes competindo aos melhor dotados e mais avançados distender-lhes as mãos, em generosa oferenda de auxílio com que os educarão, preparando-os para o avanço e o crescimen­to.
Liberdade legítima decorre da legítima responsa­bilidade, não podendo aquela triunfar sem esta.
A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos hu­manos.
Pela lei natural todos os seres possuímos direitos, que, todavia, não escusam a ninguém dos respectivos contributos que decorrem do seu uso.
A toda criatura é concedida a liberdade de pen­sar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo.
Desde que o uso da faculdade livre engendre so­frimento e coerção para outrem, incide-se em crime passível de cerceamento daquele direito, seja por par­te das leis humanas, sem dúvida nenhuma através da Justiça Divina.
Graças a isso, o limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, que gera para si mesma o cárcere de sombra e dor, a prisão sem bar­ras em que expungirá mais tarde, mediante o impositi­vo da reencarnação, ou as asas de luz para a perene harmonia.
A liberdade é a grande saga dos povos, das na ções, da Humanidade que lutam através dos milênios contra a usurpação, a violência, a hegemonia da força dominadora, sucumbindo, sempre, nessas batalhas os valores éticos, vencidos pelo caos da brutalidade.
Livre o homem se tornará, somente, após romper as férreas algemas que o agrilhoam aos fortins das pai­xões.
A sua luta deve partir de dentro, vencendo-se, de modo a, pacificando-se interiormente, usufruir dessa liberdade real que nenhuma grilheta ou presídio algum pode limitar ou coibir.
Enquanto, porém, arrojar-se à luta sistemática de opinião de classe, de grei, de comunidade, de fé, de nação, estimulará a desordem e a escravidão do ven­cido.
Todo vencedor guerreiro, porém, é servo de quem lhe padece às mãos, qual ocorre com os guardiães de presidiários, que se fazem, também, presos vigiando encarcerados.
Prega e vive o amor conforme o ensinou Jesus.
Ensina e usa a verdade em torno da vida em triunfo, de que está referto o Evangelho, a fim de se­res livre.
Atém-te aos deveres que te ensinam engrandeci­mento e serviço ao próximo.
O trabalho pelos que sofrem limites e tumultos ensinar-te-á auto-conhecimento, favorecendo-te com o júbilo de viver e a liberdade de amar.
Na violência trágica do Gólgota não vemos um vencido queixando-se, esbravejando impropérios e ex­plodindo em revolta. Sua suprema sujeição e seu gran­dioso padecimento sob o flagício da loucura dos per­seguidores gratuitos atingem o clímax no brado de per­dão a todos: ingratos, cruéis, insanos, em insuperável ensinamento sobre a liberdade de pensar, falar e agir com a sublime consciência responsável pelo dever cumprido.

domingo, 21 de agosto de 2011

CAUSAS DAS AFLIÇÕES - BEM AVENTURADOS OS AFLITOS


Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.  
Quantos homens caem por sua própria culpa! 
Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! 
Quantos se arruinam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos! 
Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma! 
Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade! 
Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero! 
Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não lhes combateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indiferença, deixaram que neles se desenvolvessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que produzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta de deferência com que são tratados e da ingratidão deles. 
Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de
fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição. 
A quem, então, há de o homem responsabilizar por todas essas aflições, senão a si mesmo? O homem, pois, em grande número de casos, é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.
Os males dessa natureza fornecem, indubitavelmente, um notável contingente ao cômputo das vicissitudes da vida. O homem as evitará quando trabalhar por se melhorar moralmente, tanto quanto intelectualmente.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CULTO DA GENTILEZA


Evita negligenciar o necessário culto da gentileza, na esfera de ação em que foste chamado a produzir. A energia para a execução das tarefas não dispensa a gentileza na realização das metas a desenvolver.

Gentileza é, também, expressão de cordialidade e de afeto.


Quando o homem empreende a façanha de fazer-se amar, chega lhe à mente o valor expressivo da gentileza e da afabilidade, como sendo pórticos pelos quais se adentra na busca de entendimento e de afeição.


Logo, no entanto, se apropria da intimidade dos sentimentos do próximo, ignora as comezinhas normas de comportamento fraternal, desdenhando as regras da conduta sadia junto aos corações amigos. Não acredites que o “tempo-sem-tempo” seja responsável pelos deslizes para com a gentileza na roda dos teus amigos.


Embora seja lícito asseverar-se que não há mais tempo para as pequeninas normas da etiqueta, merece considerar que uma palavra cálida de amizade, um verbete gentil, uma expressão delicada, um gesto de meiguice, um sorriso de ternura, um aceno cordial sempre encontram guarida, mesmo naqueles que parecem impermeáveis às boas maneiras.
 

A aresta necessariamente lixada adquire contorno agradável e brilhante. A pedra burilada muda de feição. A plântula resguardada transforma-se em árvore. O gesto gentil é um passo para modificar, não poucas vezes, uma inimizade nascente, uma suspeita infundada, uma informação infeliz, uma inspiração negativa e abrir horizontes novos à melhor compreensão e a mais amplo descortino.

Não aguardes, porém, que sejam os outros gentis para contigo. 
Sejam os teus hábitos no culto da gentileza, uma metodologia de equilíbrio que te imponhas como disciplina de autoburilamento da vontade e do comportamento, numa preparação às Colônias Espirituais para onde transferirás mais tarde residência, onde o respeito e a cordialidade, como a gentileza e o afeto, preponderam em todos os círculos.

Como ninguém tem obrigação de te amar, antes te impuseste o dever de a todos amar, respeita nos ásperos, nos ingratos e nos frios do teu caminho criaturas e corações empedernidos, infelizes, a quem deves doar maior quota de gentileza, pois que ela é também caridade em nome de Deus para o grande mal de que padece a Humanidade, em forma de egoísmo avassalador.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

TENTAÇÕES




Cuidado com tuas intenções e ações!
Não cedas à tentação que te fustiga.
Não te compliques por um minuto de concessão de prazer ou de obter "coisas" que não te pertences. A tua intenção é que esta em “jogo”.
Quantos, ao teu redor, dariam tudo para retrocederem no passo que lhes precipitou a queda moral?
A ilusão da carne ou de angariação de bens materiais ou ambas são sombras que passam.
Desenvolve os teus sentidos espirituais. Tudo que necessitas chegará em tempo hábil. O que te pareces agora, fácil e oportunista, poderás ser te muito caro daqui num futuro bem próximo. Mudes o curso de tua vida pra elevação moral. É esta que te será cobrada. A parte material pode ser doentia e nunca deixará de ser passageira.
Fazes com que as tuas emoções transcendam o que a matéria te enseja vivenciar. não te concedas deslizes morais, nem aqueles que as convenções a pouco e pouco chancelam como comportamento social moderno.
Quanto desencanto na alma de quem não logra superar as próprias fragilidades!
Se ajudas nos misteres modestos, ignorados, ou tidos como humilhantes, realiza o melhor ao teu alcance, sem maracutaias e presunção de galgar os postos de comando ou de preeminência, tão do agrado da vaidade, quanto simultaneamente perigosos.
Fortalece-te, a cada dia, contra os hábitos infelizes que te dominam.
Protesta, mentalmente, contra as tuas mazelas de ordem moral.
Não mais te comprazas no que antes te refestelavas.
Que a tentação jamais te encontre de vontade débil.
E não se submetas, sem que te tenhas exaurido na luta.
Sobretudo não te favoreças devaneios, ilusões. Cada um é o esforço que envida em prol do burilamento interior. Nem jactância, nem desprezo
Do livro: Dias melhores - Irmão José.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O DINHEIRO


De fato, o dinheiro Constitui pesada responsabi­lidade para o seu possuidor.
Não compra a felicidade e muitas vezes torna-se responsável por incontáveis desditas.
Apesar disso, a sua ausência quase sempre se transforma em fator de desequilíbrio e miséria com que se atormentam multidões em desvario.
O dinheiro, em si mesmo, não tem culpa: 
não é bom e nem mau.
A aplicação que se lhe dá, torna-o agente do progresso social, do desenvolvimento técnico, do conforto físico e, às vezes, moral, ou causa de inomináveis Iesgraças.
Sua validade decorre do uso que lhe é destinado.
Com ele se adquire o pão, o leite, o medicamen­to, dignificando o homem pelo trabalho.
Sua correta aplicação impõe responsabilidade e discernimento, tornando-se fator decisivo na edifica­ção dos alicerces das nações e estabilizando o inter­câmbio salutar entre os povos.
Através dele irrompem o vício e a corrupção, que arrojam criaturas levianas em fundos despenhadeiros de loucura e criminalidade.
Para consegui-lo, empenham-se os valores da in­teligência, em esforços exaustivos, por meio dos quais são fomentados a indústria, o comércio, as realizações de alto porte, as ciências, as artes, os conhecimentos.
No sub-mundo das paixões, simultaneamente, dele se utilizando, a astúcia e a indignidade favorecem os disparates da emoção, aliciando as ambições desre­gradas para o consórcio da anarquia com o prazer.
Por seu intermédio, uns são erguidos aos pínca­ros da paz, da glória humana, enquanto outros são ar­rojados às furnas pestilentas do pavor e da desagrega­ção moral em que sucumbem.
Sua presença ou ausência é relevante para a quase totalidade dos homens terrenos.
Para o intercâmbio, no movimento das trocas de produtos e valores, o dinheiro desempenha papel pre­ponderante.
Graças a ele estabelecem-se acordos de paz e por sua posse explodem guerras calamitosas.

Usa-o sem escravizar-te.
Possui-o sem deixar-te por ele possuir.
Domina-o antes que te domine.
Dirige-o com elevação, a fim de que não sejas mal conduzido.
Mediante sua posse, faze-te pródigo, sem te tor­nares perdulário.
Cuida de não submeter tua vida, teus conceitos, tuas considerações e amizades ao talante do seu condici- onamento.
Previdente, multiplica-o a benefício de todos, sem a avareza que alucina ou a ambição que tresvaria.
De como te servires do dinheiro, construirás o céu da alegria ou o inferno de mil tormentos para ti mesmo.

Se te escasseia nas mãos a moeda, não te supo­nhas vencido.
Ter ou deixar de ter, importa pouco, na econo­mia moral da tua existência.
O importante será a posição que assumas em re­lação à posse.
Não te desesperes pela ausência do dinheiro.
Como há aqueles que se fizeram servos do que têm, os há, também, escravizados ao que gostariam deter.
O dinheiro é meio, não meta. Imprescindível colocar-te jubilosamente na situa­ção que a vida te brindou, padronizando as diretrizes e os desejos pessoais dentro dos limites transitórios da experiência educativa por que passas, conseqüência natural do mau uso que fizeste do dinheiro que um dia possuiste.
Por outros recursos poderás ajudar o próximo e erigir a felicidade pessoal, conforme as luminosas li­ções com que o Evangelho te pode enriquecer a vida.
Essencial é viver bem e em paz com ou sem o di­nheiro.