terça-feira, 27 de outubro de 2009

HISTÓRIA DE UM SUICIDA...


- Escute, moço... Se é verdade que o senhor escreve para a Terra, conte o meu caso, amparando alguém...

A observação procedia de um rapaz desencarnado, em deplorável situação num vale de suicidas.

O seu corpo, que se adensava, pesado e escuro, se retorcia, qual se estivesse fixado em agitação permanente, e, na garganta, se lhe viam arroxeadas feridas, alentadas decerto pelos pensamentos de angústia a lhe repercutirem, constantes, na forma atormentada.

Percebi-lhe a condição de enforcado e diligenciei colocá-lo à vontade:

- Fale, meu irmão, quero ouví-lo e aprender.

E o jovem, desenfaixado do envoltório físico, desmanchou-se em agoniadas recordações:

- Sabe?... Fui no mundo uma vítima do copo... Tudo começou numa festa... Lembro-me... Um convite inocente... Brincadeira... Um colega abeirou-se de mim com um frasco de bebida licorosa... Em seguida, a intimação amiga: um trago, só um trago... Recusei... Não tinha hábito... Em derredor de nós a roda alegre e expectante... “Então, você – zombeteou o companheiro sarcástico -, então você é dos tais... Um maricas... Filhinho da mamãe... Que faz você com as calças?...” Ignorava que aceitar um desafio desses era perigoso para mim... Os outros bebiam e gargalhavam... Acabei aderindo... Engoli uma talagada, outra e mais outra... Depois, a cabeça zonza e o prazer esfuziante... No dia seguinte, a necessidade do aperitivo... E, dos aperitivos, passei à bebedeira inveterada... Alfaiate bem pago, a breve trecho comecei a deteriorar-me em serviço... Erros, faltas, pileques, ressacas... Terminadas as tarefas cotidianas, trocava o lar pelo bar... E sempre o quadro lastimável, noite a noite... Amigos me apoiando até a casa e, na porta, a cansada mãezinha a esperar-me... Constantemente, a mesma voz doce, insistindo e abençoando... “Meu filho, não beba! Não beba mais!...” Minha reação negativa nunca falhava... Esbravejava, ameaçava, premindo-lhe os braços trêmulos... Na manhã imediata, os remorsos e as promessas de corrigenda e reajuste... Em sobrevindo a noite, porém, novas carraspanas e disparates... Em várias ocasiões, ao despertar, surpreendia pratos e copos quebrados e a informação estranha de que fora eu o culpado... Estivera em pavoroso delírio, perpetrando desatinos e violências... Aborrecia-me, arrependia-me... No entanto, a sede de álcool sempre mais forte... As ocorrências infelizes se sobrepunham umas às outras, até que, um dia, acordei no cárcere... Oh! porquê? Porque a prisão? Horrorizou-me a resposta do guarda... “Você é um assassino”... Eu? Um assassino?... E ele: “ sim, você, “seu bêbado”, você matou”... Solucei, esmagado de sofrimento... O peito parecia rebentar-me e gritei: “meu Deus, meu Deus, que será de minha mãe?!... Aí, veio a revelação terrível: “foi ela própria que você destruiu... sua mãe, sua vítima”... Não acreditei... Pedi provas... Levado à residência sob a custódia de alguns soldados, ainda pude vê-la cadaverizada na urna... Mostrava na garganta os sinais de estrangulamento... Em torno de nós, as tetemunhas... Os que me haviam visto de perto com os dedos cravados na carne materna, em momento de insânia... Ajoelhei e gritei debalde... Recolhido à cadeia, positivamente dementado, aguardei a noite alta e, aproveitando algumas tiras de cobertor, enforquei-me... Desde então, sou um farrapo que vive, uma chaga que pensa... Se minha história triste pode servir a benefício de alguém, fale dela aos outros, aos que se acham no caminho terrestre, na bica da invigilância ou do desespêro...

Anotei, ali mesmo, o episódio amargoso que alinhavo nesta crônica e deixo o relato, com as próprias palavras do desventurado protagonista, em nossa apresentação do assunto, para estudo e reflexão dos amigos reencarnados que porventura nos leiam.

Entretanto, recordando o meu próprio ceptícismo no tempo em que estadeava o enxudioso uniforme carnal, entre os homens do plano físico, não estou muito certo de que alguém possa realmente acreditar em nós.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

PONTO DE VISTA


- Confie resignado -
Passa o mal deixando a lição.
Desaparece a enxurrada purificando o ambiente.

- Viva com discernimento -
O ato edificante é inconfundível.
O arado e a bomba cavam a terra de maneira diversa.

- Exemplifique a sua fé -
Sempre denunciamos a própria origem.
Cada meteorito traz determinada mensagem do espaço cósmico.

- Seja comedido -
Tudo o que constrói, pode destruir.
Toda faixa de solo pode ser berçário e cemitério da vida.

- Ajuda sem cessar -
Os testemunhos do bem qualificam o homem.
O movimento, a luz e o calor classificam o astro.

- Desenvolva o auto-aprimoramento -
A pior viciação pede esforço recuperativo.
O brilhante foi detrito do organismo terrestre.

- Fuja à violência -
A ação orientada vence a força.
O vento frágil desgasta a rocha maciça.

- Observe amorosamente -
Há beleza oculta na maior deformidade.
O tique da estrela existe como cintilação.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PENSAMENTOS...


Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.

O usurário, para amealhar o dinheiro, quase sempre perde a paz.

Juventude não é um estado do corpo.

Há moços que transitam no mundo, trazendo o coração repleto de lastimáveis ruínas.

Beleza física, poder temporário, propriedades passageiras e fortuna amoedada podem ser simples atributos da máscara humana, que o tempo transforma infatigável.

Para que nos elevemos, com todos os elementos de nossa órbita, não conhecemos outro recurso além da oração, que pede luz, amor e verdade.

Sabemos que a retorta não sublima o caráter e que a discussão filosófica nada tem a ver com a caridade e com a justiça.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

LEMBRANÇAS DE PAZ

  • Reconhecer, ...mas, reconhecer mesmo, que trabalhando e servindo estamos, acima de tudo, cooperando em favor de nós próprios.
  • Perseverança no trabalho de execução dos compromissos que assumimos significa 90% na soma do êxito.
  • Não desestimar a importância e o valor de pessoa alguma.
  • Nos instantes de crise, usar o silêncio no lugar do azedume.
  • Ajudar alguém será sempre dilapidar a própria tarefa.
  • Perdão para as faltas alheias é a melhor forma de alcançar a desculpa dos outros em nossos próprios erros.
  • Observar o sinal vermelho para o mal no trânsito das palavras.
  • Um gesto de simpatia ou gentileza pode ser a chave para a solução de muitos problemas.
  • Perfeitamente possível administrar a verdade sem ferir, desde que esteja no bálsamo da bondade ou no veículo da esperança.
  • Nunca nos esquecermos de que a paciência favorece o socorro de Deus

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

PARA ENCONTRAR DEUS...


A vida cristã gira em torno do amor fraterno. Podemos expressar o que de melhor existe dentro de nós.

O Evangelho nos ensina que a cada momento pode haver um recomeço, a fim de ganharmos a presença de Cristo.

Paciência é o poder que nos traz o reino da felicidade. Jesus sabe das nossas deficiências e nos assiste com a sua tolerância. Ajudemo-nos uns aos outros. Viver é a lei.

Devemos ser fiéis em nossas pequenas promessas. Muita gente se acha completamente absorvida em glórias celestes, ao passo que cuida pouco das pequenas coisas.

Despertemos. Devoção exige realização. Aquele que sabe, torna-se responsável. O mundo precisa de ajuda.

Sirvamos todas as oportunidades. Tanto no Evangelho, como na vida prática, devemos olhar para frente.

Jesus disse: “Porventura não se vendem dois passarinhos por um asse? E nem um deles cairá sobre a terra sem vosso Pai. E até mesmo os cabeços da vossa cabeça, todos eles estão contados.”

Não podemos medir a glória de Deus em torno de nós, mas podemos reconhecer os divinos atributos de Deus através do nosso amor ao semelhante.

Tanto quanto se sabe, a definição do Novo Testamento, “Deus é amor; e aquele que se demora no amor, demora-se em Deus e Deus está nele”, encerra a promessa de que, vivendo e praticando o amor puro, o homem finalmente alcançará o estado de união com seu Criador, para sempre.

Desejaríamos encontrar a Deus? Então precisamos seguir a Jesus Cristo. Servir com ele é aliviar os problemas da vida.

As coisas de Deus não nos chegam por acaso. A felicidade e a paz, no reino da alma, vêm dos trabalhos do amor. Quando encontramos amor em nossos corações, Jesus lá está.

“Porque onde está o teu tesouro, aí também está o teu coração.” – Jesus (Mateus, 6:21).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

CAMINHE EM PAZ CONSIGO MESMO!


..caminhe em paz
Ilumina o coração para que o amor seja o laço do céu, a irmanar-te com todas as criaturas.
Purifica teus olhos para que os males da peregrinação terrestre não te perturbem a mente.
Defende os ouvidos contra as sugestões da ignorância e da sombra, a fim de que a paz interior não te abandone.
Clareia e adoça tua palavra para que teu verbo não acuse e nem fira, ainda mesmo na hora da consagração da verdade.
Conduze teu pensamento a grande compreensão do próximo, ajudando aos que te cercam, tanto quanto desejes ser por eles auxiliados.
Equilibra teus pés no caminho reto sem te precipitares aos abismos que tantas vezes surgem à margem de nossa vida, induzindo-nos à queda e ao desespero.
E, desse modo, terás contigo o tesouro das mãos fortes e limpas para abençoar e servir, conduzir e curar, em nome do Senhor.

domingo, 4 de outubro de 2009

ANTES, O BEM


Não ignoramos que a lei de causa e efeito funciona mecanicamente, em todos os domínios do Universo.

Sabemos, porém, que diariamente criamos destino.

Decerto que a Eterna Sabedoria não nos concede a inteligência para obedecermos passivamente aos impulsos exteriores; confere-nos inteligência e razão para obedecermos às leis por ela estabelecidas, com o preciso discernimento entre o bem e o mal.

Cabe-nos, assim, criar o bem e promovê-lo com todas as possibilidades ao nosso alcance.

Deploramos a tragédia passional em que se envolveram amigos dos mais queridos .... Indaguemos de nós sobre o que efetuamos, em favor deles, para que não se arrojassem na delinqüência.

Espantamo-nos perante a desolação de mães desvalidas que se condenam à morte, à frente dos próprios filhos desamparados... Perguntemo-nos quanto ao que foi feito por nós, a fim de que a penúria não as levasse à grimpas do desespero.

Lamentamos desajustes domésticos e perturbações coletivas, incompreensões e sinistros; entretanto, em qualquer falha nos mecanismos da vida é necessário inquirir, quanto à nossa conduta, no sentido de remover, em tempo hábil, a ocorrência infeliz.

“O bem antes de tudo” deve erigir-se por item fundamental do nosso programa de cada dia.

Atendamos ao socorro fraterno, na imunização contra o mal, com o desvelo dentro do qual nos premunimos contra acidentes, em respeitando os sinais de trânsito.

Alguém se permitirá dizer que, se somos livres, nada temos a ver com as experiências do próximo; e estamos concordes com semelhante assertiva, no tocante a viver, de vez que todos dispomos de independência nas escolhas e ações da existência, das quais forneceremos contas respectivas, ante a Vida Maior; contudo, em matéria de conviver, coexistimos na interdependência, em que necessitamos do amparo uns dos outros, para sustentar o bem de todos.

Os viajantes de um navio, a pleno oceano, reclamam auxílio mútuo, a fim de que se evite o soçobro da embarcação.

Nós, os Espíritos encarnados e desencarnados, em serviço no Planeta, não nos achamos em condição diferente. Daí, a necessidade de fazermos todo bem que nos seja possível na reparação desse ou daquele desastre, mas, para que tenhamos sempre a consciência tranqüila, é preciso saber se fizemos o bem antes.

A ESCOLHA

A obra do justo conduz à vida, o fruto do perverso ao pecado. Prov. 10:16

Trabalha na escolha do que deves fazer, e examina bem o teu trabalho diário, para que não venhas a repetir muitas vezes para aprender.

O discernimento é valioso; vê que ele é sempre usado na profundidade pelo justo, faz parte da vida do sábio e é comum na mente do santo.

Da tua opção depende a tua paz; para tanto, vê o caminho que segues.

Dá preferência ao Cristo dentro de ti. Ele sabe te orientar porque mora em teu coração; desperta-o pela força da caridade, na função do Amor.

Seleciona teus pensamentos, que as idéias passarão a te obedecer e a tua palavra transformar-se-á em semente de luz para clarear os teus próprios passos.

Adota a obra do justo, porque a justiça é o mesmo Amor em faixa diferente.

Apurar os desejos é função da inteligência, quando adentra na escola da educação.

Decide-te pelo que deves fazer para teu próprio bem, e não cedas à influência das trevas; elas são trevas por desconhecerem a Luz.

Aproveita a oportunidade que surgir em tua vida, e não te desfaças da luz que alguém te oferta, porque o convite de Deus nos vem por inúmeros caminhos.

Delinear estradas de esperanças é compreender Deus e acompanhar Jesus.

Tudo isso deves fazer na irradiação da alegria, na pureza cristã.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

CONVITE AO PENSAMENTO


Todos os canais da publicidade respeitável são caminhos pelos quais a idéia espírita precisa e deve transitar.

Nossa tarefa, porém, na hora que passa, é a de reavivar a chama dos princípios doutrinários. Convite ao pensamento. Apelo ao raciocínio. Achamo-nos à frente de um mundo em reforma. Casa em transição e refazimento. Entre as acomodações do antigo e os desafios do novo, somos trazidos a erguer um cenáculo para os valores da alma.

Agitar opiniões seria distrair, perder a oportunidade na extroversão.

O Espiritismo evangélico pede seareiros decididos a revolver as leiras da verdade. Silêncio e construção. Não importa sejamos poucos. O pão disputado com alarido, nas praças, foi, a princípio, um compromisso de trabalho entre o lavrador e o solo que lhe acolhe a esperança.

Nunca desprezar a obscuridade do início.

Acendamos, com o livro, a faísca de lume.

Façamos a nossa parte. Outros realizadores virão.

A obra não é nossa.

Reflitamos na supervisão que verte do Cristo, detenhamo-nos na reverência aos Bons Espíritos que o representam.

O materialismo inventou máquinas capazes de sustentar o mínimo esforço físico para o homem na Terra, mas não lhe suprimiu as aflições de espírito. Quanto mais supercultos os povos do Planeta, do ponto de vista do cérebro, mais ampla a taxa dos sofrimentos de natureza moral.

Conquanto indispensáveis na economia do progresso, os títulos acadêmicos e os avanços técnicos não curam as moléstias do pensamento e nem arredam do caminho o fogo das paixões.

Somos convocados hoje a trabalhar na desmontagem das armadilhas do suicídio e no combate à praga da obsessão, desarticulando as brechas do tédio e do desânimo, da angústia e da descrença, pelas quais se insinua a força da sombra contra a luz e do desequilíbrio contra a harmonia que rege a existência.

Prossigamos. Permaneçam conosco a fé no Poder Supremo e a presença do Mestre, aquele mesmo Eterno Amigo que nos prometeu, convincente:

– “Aquele que me segue não anda em trevas.”