sábado, 24 de agosto de 2013

O EQUILÍBRIO DA PERSONALIDADE



O equilíbrio da personalidade resulta do fenômeno de integração do ego com o corpo sob o comando da mente.
Quando se rompe essa harmonia, face às pressões que a impulsionam, advêem transtornos emocionais que conduzem a comportamentos doentios com impulsos mórbidos.
O ego age de forma consciente, o que não significa uma conduta correta, enquanto que o corpo reage às situações de forma impulsiva, automaticamente, sendo duas correntes de forças que se devem unir para dar curso a uma personalidade unitária. Ocorrendo a reação de uma contra outra, surge uma fissura que leva à conduta de autonegação com as suas conseqüências perversas.
A manutenção da harmonia das duas forças depende do grau de vitalidade, de energia do indivíduo, que o capacita ou não ao enfrentamento.
Todo o esforço, portanto, deve ser empreendido, a fim de ser mantido o controle da conduta, de forma que as ações voluntárias — do ego — e as inconscientes —do corpo — não se oponham, antes convirjam para o equilíbrio do ser integrado.
A ruptura dessa harmonia, liberando a alta carga de tensão de uma que se volve contra a outra, conduz ao estado esquizofrênico.
Em razão das emoções, o ego não mantém sempre sobre o corpo a mesma quantidade de força, o que faculta melhor equilíbrio com ele, em decorrência dessa oscilação que diminui a carga de excitação sobre a personalidade.
Diz-se que o comportamento autodestrutivo, decorrente dos impulsos doentios, é de origem mental exclusivamente.
Sem que seja descartada essa hipótese, as suas raízes porém, estão fincadas em experiências anteriores do Espírito que se é, responsável pela estrutura do corpo em que se está, elaborando os conflitos e a ruptura da personalidade.
O Espírito que, anteriormente, malbaratou a oportunidade de crescimento moral através de ações nefastas, enredou-se em forças vibratórias de grave conteúdo destrutivo, renascendo em lar difícil para o ajustamento efetivo, em clima de desafios de vária ordem para a aprendizagem comportamental, conduzindo a carga de energia necessária ao equilíbrio da personalidade que lhe cabe administrar.
Os fatores hostis que defronta são a auto-herança que recebe, a fim de bem aplicá-la para conseguir valores edificantes.
Na contabilidade desse espólio encontram-se saldos negativos sob a fiscalização atenta daqueles que foram lapidados e aguardam oportunidade para a cobrança.
O despertar da consciência, a pouco e pouco abre espaço para a identificação da culpa, tornando-se instrumento de autopunição com tendência maníaca para a autodestruição.
As energias em desacordo — o ego atormentado e o corpo deficiente — entram em choque e produzem a desarmonia da personalidade. Os conflitos assomam àconsciência e os complexos tomam corpo, açoitando os sentimentos com insegurança, medo, isolacionismo, abandono do amor e ausência de si mesmo assim como das demais pessoas.
Os comportamentos de autonegação surgem e abrem campo para os de autopunição levando o ser ao desequilíbrio.
Nem sempre o paciente se homizia na depressão que o afasta do meio social, mas foge também para um estado interior de autodepressão, de desprezo pelo Si, embora a aparência externa permaneça e transmita uma imagem simpática, de estar bem sucedido, de encontrar-se sorridente e de ser feliz. O tormento íntimo porém, devora-o, porque simultaneamente o ego investe contra o corpo que passa a detestar.
Muitas síndromes expressam essa luta, em forma de autodesconsideração e de auto-agressão.
Nesse campo de batalha, a imagem do indivíduo se torna detestável, e é necessário castigar o corpo, mediante dietas rigorosas e autopunitivas, caindo em distúrbios de anorexia ou de bulimia, nunca satisfazendo-se com os resultados obtidos.
Em casos mais inquietantes, ei-lo que recorre à cirurgia plástica para alterar contornos, mudar a aparência, por vicejar a insatisfação interior, refletindo-se na forma externa.
Em algumas ocasiões, o desleixo procura matar essa imagem detestada, e a insegurança íntima conduz à glutoneria, que lentamente deforma, e, subconscientemente, mata o corpo.
A perda de identidade decorre da fragmentação da personalidade causando danos profundos à conduta que se extravia dos padrões sociais aceitos, adotando atitudes grotescas, alienando-se, buscando, nas suas fugas, aceitações exóticas em clãs hippies, punks, skinheads ou equivalentes...
O alcoolismo, o tabagismo, o consumo de drogas, o desvario sexual, ou a autocastração violenta deterioram o corpo e a personalidade, enquanto o ego implacável se consome nessa luta infeliz.
Nesse capítulo, surgem as interferências obsessivas compartilhadas, nas quais as antigas vítimas se acercam e hipnoticamente, a princípio, e depois, subjugadoramente, apossam-se-lhe do controle mental e corporal, caindo, mais tarde, na própria armadilha, e passando a experimentar os mórbidos prazeres da vingança, enquanto lhe vivencia também os vícios.
Os impulsos autodestrutivos inerentes ao atormentado são estimulados pelas mentes desalinhadas que lhe sofreram prejuízos, e agora lhe aumentam a força desintegradora da existência física.
Outrossim, o fenômeno também ocorre quando pessoas que se sentem prejudicadas descarregam as vibrações mentais deletérias contra aquele que lhes teria sido o responsável, impondo-lhe, pelo ódio, pelo ressentimento, pela inveja, altas cargas perniciosas, que são assimiladas em forma de tóxicos violentos e destrutivos.
A culpa inconsciente proporciona-lhe a sintonia com essas mentes e o sentimento de autopunição colabora para que ocorra o desastre destrutivo por elas desencadeado e aceito pelo paciente.
O desamor, que decorre do conflito pela falta de harmonia entre o ego e o corpo — ausência de prazer e de emulação para a vida — não permite o direcionamento da afetividade a outrem, nem aos meios social e ambiental, produzindo aridez emocional interior, ausência de calor de sentimento, que são incompatíveis com a vida e as suas metas.
O ser humano é estruturado para alcançar os patamares sublimes da harmonia, programado para a plenitude, o samadhi, o nirvana, o reino dos céus, a perfeição...
A busca do prazer o conduz ao encontro da felicidade — esse equilíbrio entre o psíquico, o emocional e o físico — quando se poderá libertar das experiências reencarnatórias.
Para esse cometimento o amor é preponderante, indispensável por produzir estímulos e gerar energias que mais vitalizam, quanto mais são permutados.
Uma existência saudável caracteriza-se pela expansão do amor em sua volta, irradiando-se do fulcro interno dos próprios sentimentos.
Quando viceja no ser, orienta a personalidade, que se faz dúctil e comanda o equilíbrio do ego com o corpo, em razão de ser a força dinâmica do Espírito em expansão.
Autodesenvolve-se, porque, ao estímulo da irradiação potencializa-se no Psiquismo Cósmico da Divindade de que procede, vibrando em todos e em toda parte esparzindo equilíbrio, desde as galáxias às expressões microscópicas.
Nas suas manifestações iniciais responde como fonte geradora de prazer, a fim de alcançar a emoção da paz plenificadora — ausência de dor, de ansiedade, de busca, de qualquer inquietação...
É o amor o antídoto, portanto, das doenças modernas, decorrentes da massificação, da robotização, da perda do Si, porque é a alma da Vida, movimentando o Universo e humanizando o princípio inteligente, o Espírito, no processo de conquista da angelitude.
                                                                     Joanna D'Angelis

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